Meus caros leitores, quando o PT foi fundado por Lula e um seleto grupo de trabalhadores, ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, bem como por intelectuais vinculados à USP(Universidade de São Paulo), ficamos animados e até mesmo esperançosos de que, finalmente, teríamos um partido diferente, focado em princípios éticos e programas voltados ao povo, notadamente aos mais pobres, a famosa galera, quebrando a espinha dorsal da obscena desigualdade social do país.
Mais de uma vez, já declaramos neste espaço que não somos vinculados a nenhum partido político, o que nos permite adotar uma atitude de isenção na hora de criticar ou aplaudir os atos e manifestações das agremiações partidárias brasileiras e também votar neste ou naquele candidato, independentemente de sua cor partidária.
Nas últimas eleições, prestigiamos com o nosso voto alguns candidatos do PT, mas é certo que em eleições passadas votamos em candidatos de outros partidos, depois de um rigoroso exame de seus antecedentes pessoais e políticos, especialmente daqueles que exerceram cargos públicos.
Em razão desse nosso comportamento político, prestigiando o PT, estamos perplexos e achamos que os petistas ajuizados, que são a maioria do partido, estão precisando urgentemente chamar à ordem um grupo extremista da agremiação e também o seu presidente nacional, o deputado estadual Rui Falcão. Mesmo quem não convive com as questões da justiça, sabe e já ouviu falar que decisão do Supremo Tribunal Federal não se discute, mas sim cumpre-se. Qualquer pessoa pode discutir ou divergir de decisões do Supremo, mas proferido o acórdão (nome da sentença em tribunais superiores), transitada em julgado a decisão (não cabendo mais recursos), cumpre-se sem mais delongas e muito menos questionamentos. E, se assim não acontecer, o Brasil se transformará em uma daquelas famosas repúblicas bananeiras, de triste memória, na América Central, em outros tempos.
No entanto, o que vemos no noticiário de jornais, revistas e televisões é que um grupo extremado do partido, tendo a frente seu presidente nacional, rebela-se contra uma decisão do Supremo Tribunal Federal, afirmando que tentarão derrubá-la nas ruas, com apoio popular, o que, por si só, já é um absurdo. E o que é pior, lançando dúvidas sobre o comportamento dos ministros da Corte Suprema, acusando-os de serem “instrumento de poder a serviço de uma oposição conservadora, suja e reacionária”.
Seria o caso de indagar: afinal de contas, o que este grupo e o presidente do partido esperavam do julgamento da ação penal nº 470, o famoso mensalão. Produzidas as provas documentais e outras durante a instrução do processo, tomados os depoimentos de testemunhas, oferecendo a acusação e a defesa de suas respectivas razões , foi proferida a decisão, de forma livre e soberana, à qual todos têm a obrigação de obedecer.
É preciso não esquecer que oito dos onze ministros do STF(Supremo Tribunal Federal) foram nomeados a partir de 2003 por Lula e Dilma e também não olvidar que em 2005, quando a bomba do mensalão explodiu, Lula disse que se sentia traído pelos mensaleiros e que o PT deveria pedir desculpas à nação pelos malfeitos.